sábado, 15 de maio de 2010

Desfez-se o Céu


Desfez-se o céu em azul e laranja, nublado de cinza e turvo que nem talvez. Venderam as nuvens, limparam o ar, continuaram até o horizonte, você não é mais ninguém. Não tem por que ficar parado, não tem porque correr, não tem pra onde fugir e nem onde se esconder. Desviou da estrela guia, guiou-se até onde não podia mais nada, se tudo que restava acabou de desabar e fechar os olhos não te leva longe, a ponto de poder sustentar a teoria que te mantém. Começa, mas para. Deixou de ser você por não saber mais, se tudo que queria ainda podia alcançar. Desfez-se o céu em turquesa e negro pálido, agora já limpo e brilhando em pontilhado. E tudo se escondia na vontade de não ser, da desvantagem da idade ao lembrar, já é tarde, o que não lhe convém. Não veio com bula ou manual de instruções, não tem tutorial e dispensa qualquer apresentação, a pequena ousadia de não querer aparecer. Esquivou da brisa leve, levemente dispersa no que não há, se tudo que restava acabou de desabar e fechar os olhos não te leva longe, lá mesmo, a ponto de poder sustentar a teoria que te mantém. Continua, mas acaba. Deixou de ser você por não saber, mas, se tudo que queria ainda podia alcançar...

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