terça-feira, 30 de março de 2010

Não Sou Um Só



Oi, Meu nome é calma
E eu ganho a vida vivendo em paz.

Uns me chamam simples
E o que eu tenho me satisfaz

Porém às vezes sou variação
Entre a euforia e mesmo a depressão

Quando eu corro sem olhar pra trás
Ou quando eu ando devagar demais
Se nos meus sonhos eu posso até voar
Só preciso de alguém pra me acompanhar nessa ilusão

Oi, meu nome é rapidez
E agora eu não sei me controlar.

Uns me chamam Van Gogh
Sting, Jim, Copolla, Kurt, Edgar...

Não vá pensar que sou um dramalhão
Nem que é minha forma de auto-promoção

Quando eu corro sem olhar pra trás
Ou quando eu ando devagar demais
Se nos meus sonhos eu posso até voar
Só preciso de alguém pra me acompanhar nessa ilusão

Nem por isso a vida é em vão
Só preciso um pouco de compreensão

quarta-feira, 24 de março de 2010

Dois Barcos


Quem bater primeira dobra do mar
Dá de lá bandeira qualquer
Aponta pra fé e rema

É, pode ser que a maré não vire
Pode ser do vento vir contra o cais
E se já não sinto teus sinais
Pode ser da vida acostumar

Será, Morena?
Sobre estar só, eu sei
Nos mares por onde andei
Devagar
Dedicou-se mais
O acaso a se esconder
E agora o amanhã, cadê?

Doce o mar, perdeu no meu cantar

Só eu sei
Nos mares por onde andei
Devagar
Dedicou-se mais
O acaso a se esconder
E agora o amanhã, cadê?

sexta-feira, 19 de março de 2010

Em milhões de pedacinhos pelo ar


Uma vez um pensamento explodiu em milhões de pedacinhos pelo ar, fazendo voar as coisas belas e as saudades, espalhando por todos os lados o desejo e a vontade. Tentei buscar a coragem e a confiança para junta-los, um longe caminho se traçava bem diante dos olhos já lavados, um simples caminho de brejo, barro seco, plantas de planalto, bichos de roça e água quase nenhuma. Andei por lá para me sujar, os pés se tornaram vermelhos, o olhar cansado, a vontade encolheu-se a rejeitar o seu ambiente natural. Foi quando vi um dos pedacinhos sendo levado pelo vento, sendo ágil de erguendo a vontade pelas mãos delicadamente, me pus a correr o mais rápido possível para abdicar um dos pedacinhos, e consegui, criei asas e agora é severamente mais fácil procurar os outros pedacinhos. Não me venha achando que voar é fácil, sem esse nariz torcido pra cima de mim, ganhar asas é uma missão cujo os efeitos da perseverança e responsabilidade são pesos amarrados ao tornozelo. Agora, amarre pesos ao tornozelo e tente voar, só por um instante, tente voar equilibrando-se. A consequência do sucesso no vôo é uma vasta coleção de pedaços que aparentemente não se encaixam, mas pera aí, não se monta um quebra cabeças de mais ou menos 5 à 8 mil peças da noite pro dia. Para entender melhor como deve-se fazer para os pedaços se encaixarem você não deve só voar, precisa de algo mais. Veja que agora é preciso ir um pouco além, colocar a crença em ascendência vertical, agora é preciso consciência e esperança, ou seja, é preciso conseguir atravessar as paredes, mas isso, acho que é quase impossível. Não que não vá tentar, mas é meio irônico, pois voando e atravessando paredes, só me faltará ser invisível pra me tornar um espectro. Eu só quero meus pedacinhos de volta, não quero virar um espírito errante. Mas pensando bem, se a busca por coisas belas, saudades, desejo, vontade, coragem, confiança, perseverança, responsabilidade, consciência e esperança me tornar um espectro, tudo bem então, vou bater no peito e vestir a camisa. Não serei visto por ninguém, voarei meio desequilibrado até aí, passarei pela porta sem bater, pelas paredes logo então e chegarei até onde eu puder chegar de te ter de volta. Mas antes de explodir de novo, pelo menos me dê a caixa do quebra cabeças, é mais fácil lendo as instruções, ô se é.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Base de Festa



Surpreendentemente me encontro assim, quase que sem vontade de mudar, digerindo livros, discos e conversas. Aconchegado aos braços do que me parece ser uma bela dama chamada Novidade. Questionamentos a parte, vindo logo alí da curva daquela esquina que pressegue uma grande rua. Ao ouvir o que me soa um pouco peculiar, acomodo-me a ponto de enxergar tudo ao inverso, do modo menos simples e mais intrigante. Intriga tal, faz-me repensar, pensar mais uma vez em como sou grato pelo acaso vir a minha porta, deixar um presente, tocar a campainha e sair correndo antes que eu pudesse agradece-lo. São dois tons meio distintos, mas com uma ressonancia a beira do que os leigos chamam de "perfeito". Abrigo perfeito não existe, música perfeita não toca, frase de efeito perfeita não se ouve, olhar perfeito não se mostra, o perfeito é falho em seu total. Que se dane o perfeito, seja como sempre foi, inusitado.

terça-feira, 16 de março de 2010

Overdose de desejo



A sua sobriedade é algo que eu ouso tirar sem dó, as vezes eu ajo assim, entorpecendo. Comigo nunca virão só as altas viagens fora de si, as luzes incandescentes que te fazem ficar mais linda do que já é, nem os sons propagados pelo impulso que veio de mim e assim vingou. Se me consome e volta para pedir mais, me dissolvo em sua boca até dizer que está bom, que quer mais. Tornando-a uma rebelde quase que sem causa, a causa está obscurecida na fuga dos nossos desejos, da repentina escapada do destino. Os calafrios e o suor gélido me tomam igualmente, e sua voz ecoa em meu peito, afastando assim as prepotências do medo casual. Ataco primeiro o sistema nervoso central, mas meus nervos se elevam a flor da pele ao contato visual, corro pela corrente sanguinea, aquecendo o coração. A dependência não se torna instantânea, é algo que há de ser calejado, elevado a um status de necessário com a ajuda do tempo. Sou peculiar, uma substância quase volátil, transpassando o desejo e tentando me tornar um sonho dedicado, moldando a forma com que você se sente a partir do meu consumo. É uma árdua luta contra algo viciante, os dias não ajudam, as horas muito menos, e no meu caso, os minutos são massivamente lentos. Pareço um comprimido tentando brilhar mais forte que os outros na prateleira, brigando pra tentar curar alguma coisa por aí, um leve inchaço no cotovelo, talvez. Faz uma coisa, leva essa caixa por conta da casa, use com a moderação que achar melhor, se entorpeça se quiser, faça de mim uma droga básica pra sua vida, me carregue na bolsa. Desculpa, mas eu não venho com bula, só com vontade de curar, ou quase isso. Espero meu efeito colateral agir em ti, secando a boca, suando, causando uma estranha sensação na barriga, e uma extrema necessidade de consumo diário. Se por acaso você se curar, faça o favor de decair mais uma vez e escapar da lucidez, tome uma dose de mim. Meu desejo é uma overdose, e é um clichê, se chama você.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Conversa De Botas Batidas



Veja você, onde é que o barco foi desaguar
A gente só queria um amor
Deus parece às vezes se esquecer
Ai, não fala isso, por favor
Esse é só o começo do fim da nossa vida
Deixa chegar o sonho, prepara uma avenida
Que a gente vai passar

Veja você, onde é que tudo foi desabar
A gente corre pra se esconder
E se amar, se amar até o fim
Sem saber que o fim já vai chegar
Deixa o moço bater
Que eu cansei da nossa fuga
Já não vejo motivos
Pra um amor de tantas rugas
Não ter o seu lugar

Abre a janela agora
Deixa que o sol te veja
É só lembrar que o amor é tão maior
Que estamos sós no céu
Abre as cortinas pra mim
Que eu não me escondo de ninguém
O amor já desvendou nosso lugar
E agora está de bem

Deixa o moço bater
Que eu cansei da nossa fuga
Já não vejo motivos
Pra um amor de tantas rugas
Não ter o seu lugar

Diz, quem é maior que o amor?
Me abraça forte agora, que é chegada a nossa hora
Vem, vamos além
Vão dizer, que a vida é passageira
Sem notar que a nossa estrela vai cair

domingo, 7 de março de 2010

O Mito Do Insubstituível



A verdade meu amor, a triste verdade
É que não existe saudade nos braços de outro alguém
E mesmo quando eu peço piedade
A liberdade opcional descobre o seu próprio fim
E eu achando que o amor, que o amor existia
E você se calava e sorria, só ria, só.
Imóvel, tudo aqui é perfeito
Mas por que se diz direito, trocando de par assim?
Se já não basta ser quem eu sou
Mas vou guiando
A fé está.

terça-feira, 2 de março de 2010

Você é a minha esperança



"O tempo presente é o único no qual podemos reparar o passado e construir o futuro."



Eu não posso te dizer o que você é, eu até queria, mas eu não consigo, eu não posso te dizer. Você tem que descobrir o que você é. Você tem que se descobrir, descobrir suas vontades seus prazeres, descobrir os seus amores. Você é um mar de gira-sóis apontando pra luz amarela que brilha forte no horizonte. Você é aquele reflexo sinuoso prateado que a lua faz nas águas da praia. É a gota d'água que tem vida. Uma nuvem que serve de urso, de sorvete, de coração, depende dos olhos de quem estiver vendo. Um furacão de sensações, um vento forte, a força do que acha certo. Você é a maior montanha do mundo, colossal, o maior obstáculo de todos, onde só os mais destemidos tentam ultrapassar. Você é a lágrima e o sorriso ao mesmo tempo, você é que os une. É a espreguiçada mais gostosa após cada noite de sono. Um pequeno tesouro daqueles que uns dizem ser nada demais, mas que tem o real valor de tesouro pra quem consegue enxergar o valor. A flor branca dos campos que atrai mais abelhas, levando o seu néctar à colmeia. O fogo que aquece, que conforta, que machuca, que queima. Você é de tudo um pouco e de nada muita coisa. Não posso te dizer o que você é. Você é a minha boca e o meu coração. Você é nada mais que a vontade de chegar ao final da corrida, vencer o campeonato e levar a taça pra casa em cima de um caminhão de bombeiros no desfile que para o país. Você é menos do que universo, mais que o sol e igual a Vênus. A vontade de fechar os olhos ao dar um abraço extenso. As bochechas vermelhas de quando se recebe um elogio. O frio na barriga de quando se recebe um olhar afetivo da paixão secreta. Você é o amor e a luz que há de estar aqui. A união das essências contidas no frasco do perfume mais doce. Você é você. Mas é sério, eu não posso dizer o que você é, eu não consigo. Você tem que descobrir o que você é. Eu só ajudo.

O Beijo Letal



Veja bem, tudo tem seu limite. Pronto, falei o que mais queria, vamos lá. Me enrola que eu gosto, vai, me enrola nos lençóis e joga da cama. Vem deslizando por eles e puxa meu travesseiro, vem. Tira meu fôlego, nem precisa de muito, só me olha nos olhos quando me vir. Segura a minha mão pra eu suar frio e ter calafrios que vem voando com esses seus pensamentos perversamente agradáveis. Dirija a palavra a mim pra me ouvir gaguejando sem parar, não conseguindo completar uma frase sequer, tentando virar os olhos como meio de me conformar que o sonho é real. Me dá um abraço que eu demonstro completamente e com exatidão como é ser um uma pobre alma que transborda nervosismo por todas as partes do corpo. Um beijo no rosto e é certa a vinda da inconsciência, eu acho, tenho certeza que eu desmaio sem delongas. Agora, no caso agravante e quase surreal de um beijo de verdade, todo cuidado não é pouco, é desnecessário em seu simples ser, o beijo pode e será letal.