terça-feira, 16 de março de 2010

Overdose de desejo



A sua sobriedade é algo que eu ouso tirar sem dó, as vezes eu ajo assim, entorpecendo. Comigo nunca virão só as altas viagens fora de si, as luzes incandescentes que te fazem ficar mais linda do que já é, nem os sons propagados pelo impulso que veio de mim e assim vingou. Se me consome e volta para pedir mais, me dissolvo em sua boca até dizer que está bom, que quer mais. Tornando-a uma rebelde quase que sem causa, a causa está obscurecida na fuga dos nossos desejos, da repentina escapada do destino. Os calafrios e o suor gélido me tomam igualmente, e sua voz ecoa em meu peito, afastando assim as prepotências do medo casual. Ataco primeiro o sistema nervoso central, mas meus nervos se elevam a flor da pele ao contato visual, corro pela corrente sanguinea, aquecendo o coração. A dependência não se torna instantânea, é algo que há de ser calejado, elevado a um status de necessário com a ajuda do tempo. Sou peculiar, uma substância quase volátil, transpassando o desejo e tentando me tornar um sonho dedicado, moldando a forma com que você se sente a partir do meu consumo. É uma árdua luta contra algo viciante, os dias não ajudam, as horas muito menos, e no meu caso, os minutos são massivamente lentos. Pareço um comprimido tentando brilhar mais forte que os outros na prateleira, brigando pra tentar curar alguma coisa por aí, um leve inchaço no cotovelo, talvez. Faz uma coisa, leva essa caixa por conta da casa, use com a moderação que achar melhor, se entorpeça se quiser, faça de mim uma droga básica pra sua vida, me carregue na bolsa. Desculpa, mas eu não venho com bula, só com vontade de curar, ou quase isso. Espero meu efeito colateral agir em ti, secando a boca, suando, causando uma estranha sensação na barriga, e uma extrema necessidade de consumo diário. Se por acaso você se curar, faça o favor de decair mais uma vez e escapar da lucidez, tome uma dose de mim. Meu desejo é uma overdose, e é um clichê, se chama você.

2 comentários:

  1. Acho que a gente vai descobrindo cada pessoa, cada jeito, cada toque, cada maneira de uma forma diferente.
    Ninguém está limitado a sentir sensações, verdadeiras muito menos aquelas de momento.
    A verdade é que não basta querer entender, temos que viver pra aprender!
    se aprendermos.

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  2. hehehe... boaaaa mlk.. textão... descrição de sensações que te fazem levar ao auge da produção de adrenalina no corpo, fazendo qualquer ser humano perder a noção da razão, e agir pela emoção de imediato!

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