terça-feira, 10 de agosto de 2010

Sente tocar, sem te tocar.


Ouviu? Parece que o vento quer dizer algo, a brisa que balançou a cortina agora a pouco veio me trazer uma mensagem, só me falta a sensibilidade de entende-la por completo. Entre as dobras aleatórias da cortina eu imagino os possíveis caminhos que a brisa poderia tomar, e chego ao fim de um que mais me afeiçoei até a parede. A parede não é um branco vazio, é um amarelo pastel que em certos dias parece ser sem graça e em outros dias mais afortunados transborda a energia de um amarelo mais vivo. E nela não existem objetos com diverso propósitos, há somente um quadro de alguém que sequer cheguei a conhecer, de uma voz que só ouvi por gravações, mas que significam muito pra mim e pra milhões de seres como eu. Sem graça ou com energia, amarela ou branca, não importa, as paredes me rodeiam e a brisa igualmente se põe a rodear. O sofá é a carência em pessoa, um azul solitário, coberto até o pescoço de diversas almofadas, mas na real, raramente é utilizado e provavelmente continuará assim até seu fim. A cama é o centro do drama, e o travesseiro o ombro amigo. Eu penso na cama quase como um divã, a parede é só um ouvido qualquer. A verdade, a verdade, eu passo horas nesse lugar, eu sei exatamente como cada coisa é, como eu posso usar diversas analogias e formar um texto, as vezes pobre, mas vezes até legal. Sei que consigo construir uma linha de pensamento meio abstrata mas com toques que fazem a pessoa entender que é pra ela. Posso falar mais e mais, talvez alguém se identifique com a história, talvez não. Estou usando todas as coisas ao meu redor pra propositar a mim mesmo algo que vai me dar o mínimo de conforto, vai me deixar falar pra sei lá quem for entender, mas não tem como não deixar claro que todas as coisas aqui me fazem lembrar de você, tudo que eu vejo ecoa um só nome. No final de historinha a brisa veio aqui atoa, porque antes de eu inventar a brisa eu já sabia o final.

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