quinta-feira, 1 de abril de 2010

Minguante




Em época de lua cheia os sentidos se aguçam, tudo fica um pouco mais claro, ou pelo menos deveria ficar. Tão notório o modo em que vens a mim, como chega rápido, essa leveza ao cruzar os anéis e cinturões de cristais de gelo. Dizem que universo carrega um ar gélido e sem sentimento, o vazio, o neutro, o vácuo em nada. Se é capaz de atravessa-lo e se por adiante com a bandeira do sorriso hasteada em sua face, mereces reconhecimento em todos os cantos, todo lugar que tiver vida aplaudirá. Estive pensando em juntar algumas estrelas para que quando fizeres sua próxima visita sintas um gostinho de surpresa ao respirar meu ar. Pensei em juntar um bocado das brancas e algumas vermelhas e azuis, talvez fazer um vitral contando uma história de ardente paixão aventureira, ou um mosaico em forma de satisfação nos olhos de uma venus, estou por me decidir ainda. Se resolver fazer uma pintura terei de pegar um cometa pra servir de pincel e mais uma grande lua pra me servir de tela, só assim caberá tudo a se expressar em pintura. Sabe, algo me incomoda, alguma coisa nos planetas por qual eu passei me deixaram a refletir, é mais ou menos como sentir calor e frio ao mesmo tempo, ou como se mudasse a gravidade repentinamente. Alguma coisa está queimando mais que o sol e não deixa o tal cheiro. Como diabos não é possível se notar uma colossal bola incandescente de gases e minérios aquecidos e flutuando no meio de um sistema inteiro. Pois bem, estou pensando em procurar mais vida, explorar até a lua ficar minguante, aquela fase meio sem sal. E com sorte, ou azar, talvez haja uma tempestade solar pra reorganizar um sistema com lá suas falhas. De um lado a lua cheia, de outro, algo invisível, e que comece a exploração ao desconhecido.

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