quarta-feira, 6 de maio de 2009

Devorei um livro.


“O que você é te controla, e ecoa tão alto, que eu não consigo ouvir o que você diz ao contrário.”
                                                                              Ralph Waldo Emerson




Devorei um livro. Caminhava em meio a muitas vidas, em um local comum a todos, local onde todos dão lugar ao consumismo ao invés de dar lugar ao bom senso e as boas maneiras de uma forma geral. Um daqueles lugares onde ninguém lhe percebe caminhando lado a lado. Me tornando o protagonista de umas das histórias mais comuns, cotidianas e normais de todos os tempos. E assim foi uma tarde simples, cinza e em tons pasteis. Foi quando me deparei com mais uma das inúmeras paredes de vidro que transparecem o que esse lugar mórbido trás as mais criativas mentes, a vontade de satisfazer desejos que se tornaram sólidos nos tempos atuais, as vontades que almeijam algo fútil, útil, inútil e provavelmente caro. Encarecer, erroneamente, é sinal de dar valor a algo. Naquela parede de vidro, se seus olhos permitissem, com um pingo de esforço e autocontrole, dava para enxerga-lo. O livro me conduziu até ali, ou eu me conduzi até o livro? Não importava nada naquele momento, ninguém me notava e eu não notava ninguém, a não ser a bela dama que me olhava desde que eu parei ali. E então, como se meu esforço pra conduzir minha visão até o livro não fosse o bastante, vislumbrei mais que um mero esforço de não gastar o pouco que tinha. Tolice. O livro me devorou. Enquanto consumia minha memória, momentaneamente, antes de que minha consciência pudesse se esvair, a voz da bela dama se conduz a mim. “Vai levar?”. Gaguejei, enquanto voltava a realidade de uma tarde sem animação. “Não, só estou dando uma olhada.”. E então retornei a margem da imaginação que ainda era fresca e em um ato instintivo, feroz e de reflexo, eu devorei um livro.

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